“O povo de axé deu as mãos em prol do Bembé do Mercado em Santo Amaro. São mais de 100 terreiros, onde 42 participam diretamente [da festa] e os demais dão o suporte”, explica o vice-presidente da Associação do Bembé, Pai Gilson. O tema é apresentado na ‘Nossa Cultura’, série produzida pela Secretaria de Comunicação Social do Governo da Bahia (Secom) sobre a pluralidade da cultura da Bahia.
“Tudo para povo negro é difícil, especialmente para o povo de candomblé e de santo. A nossa religião é discriminada de muitos anos. Até hoje, no século XXI, é difícil para a gente por assumir um compromisso com a ancestralidade. Na verdade, estamos ali de resistência”, afirma o presidente da Associação do Bembé, Pai Pote.
Pai Gilson destaca também que o Bembé do Mercado é “um legado deixado por João de Obá, um escravo alforriado, que celebrou o 13 de maio por sua liberdade. Temos muito cuidado para não deixar essa tradição morrer. É uma resistência de 127 anos. E agora melhor ainda, depois do tombamento [realizado pelo Ipac], porque está mais assistido. A gente hoje tem mais liberdade para fazer o nosso culto sem ser apedrejado”.
Para o diretor-geral do Ipac, João Carlos de Oliveira, o Bembé do Mercado “é quase um instrumento de resistência de política social. A gente não realiza o tombamento por olhar para trás. Ao preservar o patrimônio cultural, você está olhando para frente. Você está olhando para as gerações futuras, [pois] elas podem entender aquilo enquanto identidade cultural baiana”.
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