“Os miomas são benignos, mas isso não significa que não causem danos. Eles podem provocar sangramentos intensos, dores incapacitantes e impactar profundamente a qualidade de vida da mulher”, afirma o cirurgião pélvico Marcos Travessa, coordenador do Núcleo de Cirurgia Ginecológica do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR).
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 50% das mulheres com miomas não apresentam sintomas, o que dificulta o diagnóstico. Quando presentes, os sinais podem incluir também anemia, fadiga constante e desconforto nas relações sexuais. “Por muito tempo, essas queixas foram naturalizadas ou ignoradas. Hoje, entendemos que o cuidado com os miomas deve ser centrado na mulher e nos impactos reais que ela vive”, destaca Travessa.
O diagnóstico é feito por exame ginecológico e confirmado por ultrassonografia pélvica ou transvaginal. Em casos mais complexos, a ressonância magnética pode ser utilizada para mapear o número, o tamanho e a localização dos nódulos. “O mais importante é individualizar o tratamento. Nem todo mioma exige cirurgia, mas quando ela é necessária, temos alternativas seguras e minimamente invasivas”, explica a cirurgiã ginecológica Gabrielli Tigre, também do IBCR.
Entre essas alternativas está a cirurgia robótica, tecnologia que tem revolucionado o tratamento de miomas. A técnica permite maior precisão na retirada dos nódulos, com menor sangramento, menor risco de aderências e uma recuperação mais rápida. “A robótica é especialmente vantajosa nos casos de miomectomia, quando preservamos o útero da paciente. Isso é fundamental para manter sua saúde reprodutiva e hormonal”, ressalta Gabrielli.
Além da miomectomia, o tratamento pode incluir uso de medicamentos hormonais, como os moduladores de progesterona e os agonistas de GnRH, indicados para reduzir o volume dos miomas e aliviar os sintomas. Em situações mais graves, pode ser indicada a histerectomia (cirurgia de retirada do útero), especialmente quando não há desejo de engravidar e os sintomas afetam severamente o bem-estar da mulher.
A causa exata dos miomas ainda é desconhecida, mas fatores como predisposição genética, obesidade, alterações hormonais e histórico familiar aumentam o risco. Mulheres negras têm até três vezes mais chance de desenvolver miomas e, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), tendem a apresentar sintomas mais intensos e precoces.
A campanha Julho Roxo busca romper o silêncio em torno do tema. “Sentir dor, sangrar por muitos dias ou viver com desconforto não é normal. Informar, escutar e oferecer acesso a diagnóstico e tratamento adequado é o caminho para mudar essa realidade”, conclui o Dr. Marcos Travessa.
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