
Sem nenhum sensacionalismo, podemos conhecer um pirralho de 14 anos, magrelo, baixinho, que conquistou notoriedade ao ter sido detido pela polícia 17 vezes. Desde os 9 anos, um ladrãozinho de carros.
Não me iludo quanto ao talento dele. É certo que tem uma habilidade precoce. Algum empresário da Fórmula 1 pode muito bem contratá-lo. Não me incomodaria. Se tudo desse certo, teríamos um belo filme.

Vemos um psicólogo defender essa tese. E um delegado fazer o oposto, alertar sobre premiarmos a delinquência. Pô, se o moleque é pego tantas vezes, não passa de um cretino, bem burro.
Os dois especialistas estão certo. Estamos diante de um talentoso imbecil. E aí, o que fazer? Tratá-lo como um gênio? Ou um caso perdido? O moleque, afinal, tem salvação?
Não se precipite, prezado leitor. A resposta não é simples. Encarcerá-lo é inútil. Vai sair do "reformatório" mais deformado do que entrou. Sem chance.

Levar o moleque para a escuderia da Ferrari seria um suicídio social, com um slogan perigoso: torne-se um criminoso mirim, antes que seja tarde. Fernandinho Beira-Mar adotaria essa causa.
Nada a ver. Nem uma coisa, nem outra. Roubou? Cadeia. É um gênio? Escola. Aí começa a fazer sentido. Na verdade, começaria.
Porque não temos escolas nas prisões. Nem fora delas. Nem nas de adultos, muito menos nas de crianças. Poderíamos ter? Sim, é uma hipótese. Hipótese. Longínqua. Hipotética.
Ou alguém lá em cima começa a fazer isso ser realidade, ou vamos parar de hipocrisia. Do jeito que está, aquele menino vai levar porrada, depois voltar para as ruas e fazer uma coisa só: roubar.
Se alguém passar a mão na cabeça do jovem deliquente, inscrevê-lo num curso ruim, dar-lhe um diploma vagabundo, ele vai voltar para as ruas e fazer uma coisa só: roubar.
Sabe por quê? Porque nossas prisões não punem. Nem regeneram. Apenas humilham e embrutecem.
Cada um que se vire. Seja um ser das luzes ou das trevas. No nosso país, isso é uma escolha rigorosamente pessoal.
0 comentários:
Postar um comentário
Não será publicado comentário ofensivo ou com palavras de baixo calão,nem será aceito qualquer tipo de preconceito