Os milhões de seres humanos que se divertem com pegadinhas é que deveriam se matar. Ou, ao menos, deixarem de ser hipócritas com o escândalo que levou ao suicídio da enfermeira do hospital King Eduardo II, vítima de um trote de uma rádio australiana.
Desde sábado que dois radialistas estão sendo massacrados por terem enganado de forma bizarra a funcionária ao se passarem pela rainha e pelo príncipe Charles para perguntar pelo estado da princesa Kate, internada por conta de náuseas provocadas por sua gravidez.
Jacintha Saldanha tinha 46 anos, era casada e mãe de dois filhos adolescentes. Ao receber a falsa ligação, passou a chamada a uma colega do serviço onde a esposa do príncipe William estava, e esta forneceu notícias da paciente aos charlatões.
Piada sem graça, mas que foi veiculada diversas vezes, inclusive depois que chegou a notícia da morte da funcionária do hospital. Haja morbidez e ganância.
A novidade aqui é o desfecho trágico. Porque pegadinhas como essa são feitas diariamente, pelo simples motivo que fazem sucesso em programas de rádio e TV infestados de apresentadores debilóides que fazem de tudo para diverter sua audiência composta de energúmenos.
Não foram os dois radialistas que levaram a enfermeira à morte. Eles são, na verdade, meros instrumentos e os menos culpados. O remorso que dizem estar sentindo já é uma sentença suficientemente cruel e perpétua. Quem deveria pedir desculpas à familia da vítima são aqueles que tornaram esse trote um fenômeno de audiência e que até agora bate recordes de acesso via internet.
Esse tipo de humor rasteiro e infantil está em todos os canais. De videocassetadas a câmeras ocultas, humilhar e expor pessoas ao ridículo é um esporte planetário. Não venham agora com discursos indignados e lágrimas de ocasião.
No Brasil, milhares de trotes diariamente atormentam atendentes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Na TV, meninas disfarçadas de fantasma sujeitam pessoas a um ataque cardíaco em um elevador. Isso para não falar das pegadinhas "do bem", em que prêmios são oferecidos aos sobreviventes.
Humor negro e sem limites só é praticado porque existem espectadores e ouvintes sádicos. Que morram todos.
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