21/08/2013
Obras
A conclusão da primeira etapa do metrô, atualmente com 6 km, está sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União. O gasto total seria de R$ 1 bilhão.
O consórcio Metrosal, formado pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade
Gutierrez e Siemens, é acusado de superfaturamento e de entregar a obra pela
metade e com falhas na estrutura, como infiltrações.
Segundo o TCU, há indícios de superfaturamento de quase R$ 160 milhões
desde o início da obra, há 13 anos, valor que, corrigido, hoje chegaria a R$ 400
milhões. O Metrosal nega superfaturamento e diz que não houve irregularidades
na licitação. O consórcio afirma que o projeto básico apresenta todos os itens da obra.
Segundo o TCU, foi concedida extensão dos prazos para as empresas apresentem
respostas às pontuações do órgão. Com isso, o consórcio deve apresentar a sua
defesa até meados de setembro. O TCU acrescenta que técnicos farão a análise
com celeridade, devido à "importância da matéria", e vai encaminhar a posição
do gabinete do ministro-relator Augusto Sherman. Em seguida, Sherman vai
levar o processo para sessão plenária.
O que o TCU verificou
Conforme o processo do TCU, o convênio para a obra foi firmado em 1998 e o
contrato assinado entre a CTS e a Metrosal no ano seguinte, no valor de R$ 358
milhões, que envolveria recursos federais, estaduais e municipais. A partir de
2001, a obra passou a receber de fato recursos federais e ser fiscalizada pelo TCU
Em 2006, uma auditoria revelou ausência de planilhas orçamentárias, "impedindo
a adequada avaliação da compatibilidade de preços". A suposta fraude foi
verificada no trecho Lapa-Pirajá. A partir daí, o TCU instaurou uma tomada de
contas especial em 2009 para reaver os valores.
No fim de 2012, no julgamento da tomada de contas, o tribunal constatou o
superfaturamento e afirmou que a obra foi contratada com valor 113,7%
acima do mercado e, portanto, os envolvidos teriam de devolver R$
166.043.599,40 aos cofres públicos (preços de maio de 1999) com correção
monetária. O valor atualizado atinge R$ 400 milhões, conforme a assessoria do
TCU. Os ministros determinaram que a CTS não aceite certificado de conclusão
da obra até o fim da apuração dos fatos.
Para o ministro relator do processo, "as deficiências constatadas, apesar de
percebidas por gestores da CTS não foram corrigidas e conduziram à contratação
das obras a preços excessivamente elevados e à necessidade de um grande
número de modificações".
Sobre as modificações, o TCU entendeu que elas foram criadas por meios de
aditivos "que não apenas repetiram e expandiram os elevados preços
originalmente contratados, mas também extrapolaram os limites legal de
alteração do valor contratual".
No último dia 17 de julho, o plenário do TCU decidiu manter suspensas as obras
do Metrô de Salvador e obrigou que as empresas aumentem o valor das garantias
para "assegurar o resultado da apuração em curso no TCU acerca de eventual
dano ao erário". O consórcio de Siemens, Camargo e Andrade ofereceu R$ 61
milhões de garantia, mas o TCU pediu R$ 115 milhões em garantias.
Ministério Público
Além da apuração do TCU, o Ministério Público Federal da Bahia também
investiga os fatos na área criminal. Há cerca de um mês, o procurador Vladimir
Aras enviou ofício à Siemens para saber se a empresa tem interesse em colaborar
com as investigações.
"A Divisão de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal na Bahia
também quer saber se houve conluio entre empresas nas licitações do metrô de
Salvador, a exemplo do cartel delatado pela alemã Siemens às autoridades
antitruste brasileiras nas licitações para aquisição de equipamento ferroviário e
para a construção e manutenção de linhas metroviárias em São Paulo e Distrito
Federal", diz nota do MPF.
Há ainda processo judicial sobre a fraude, investigada pela Polícia Federal na
Operação Castelo de Areia. O MP denunciou empresários, mas a ação foi
paralisada porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as provas da
operação. O MP recorreu, mas ainda não há decisão final.
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