O IV Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil premiou na última sexta-feira (25), durante cerimônia realizada em Belém do Pará, as oito melhores amêndoas produzidas no país e distribuiu R$50 mil em prêmios. Figurando entre os vencedores desde o ano passado, o estado de Rondônia começa a despontar no mercado de qualidade e este ano levou o primeiro lugar na categoria varietal (cacau de variedade única). Com pouco menos de três hectares de cacau em sua pequena propriedade no município de Jarú, há dois anos Deoclides Pires da Silva aposta nas amêndoas
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de qualidade graças à assistência técnica do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). “Foi muito gratificante receber essa notícia, pois a variedade CCN51 é muito plantada aqui em Rondônia, porém pouco procurada pelos produtores de chocolate fino”, ressalta o cacauicultor.
Além de Rondônia, todos os outros estados produtores de cacau do Brasil foram contemplados com prêmios na categoria varietal. A Bahia dividiu o segundo lugar com o Pará e o Espírito Santo ficou com a terceira posição. Já a categoria Mistura (blend de variedades) foi dominada pelo estado do Pará e também contou com empate técnico no segundo lugar.
“Essa competição em nível nacional provoca uma mudança de mentalidade nos produtores, muda a forma como eles estão produzindo cacau. E, claro, o fomento à sustentabilidade atrelado à qualidade só traz benefícios para a reputação do cacau brasileiro. Além de reforçar a qualidade com sustentabilidade e a reputação do cacau de origem Brasil, também está nas nossas metas aumentar cada vez mais o número de produtores engajados nesse movimento e participando do concurso”, declara Cristiano Villela diretor científico do Centro de Inovação do Cacau (CIC), entidade organizadora do evento, juntamente com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
A estratégia dos organizadores, representados pelo Comitê Nacional de Qualidade de Cacau Especial (CNQCE), é que o concurso seja realizado no Pará e na Bahia, alternando entre os dois principais produtores do país. Este ano, o Pará teve uma maior representatividade entre os finalistas e, consequentemente, entre os vencedores, um reflexo do apoio do governo do estado nas ações voltadas para a cacauicultura e da ação de ONGs que desenvolvem trabalhos de assistência técnica voltada para a melhoria da qualidade, como a Solidaridad e o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola). “Essa rede de apoio aos cacauicultores paraenses vem fazendo a diferença ano a ano, aumentando a participação e as premiações recebidas pelos produtores. Rondônia também está prometendo uma verdadeira revolução, aumentando o número de produtores e o engajamento nas pautas de qualidade e sustentabilidade”, aponta Cristiano.
Ao todo, 11 amostras de cacau especial do Pará, sete da Bahia, uma do Espírito Santo e uma de Rondônia estavam entre os finalistas em duas categorias: varietal (variedade única de cacau) e blend (mistura de variedades). Foram 94 amostras inscritas em ambas categorias.
Paris
Esta edição do Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil funcionou também como etapa classificatória para o Cocoa of Excellence (CoEx), premiação internacional realizada bienalmente em Paris, França. Além dos oito premiados no concurso nacional, o produtor paraense William Paulo Broechl também foi classificado para o prêmio mundial, que acontece em 2023 durante o Salon du Chocolat de Paris.
Sustentabilidade
O Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil avalia também as condutas de produção dos participantes. Essa avaliação é feita com base no Currículo de Sustentabilidade do Cacau, documento que é referência de sustentabilidade para produtores de cacau, técnicos e instituições na busca pela melhoria contínua da produção atrelada à redução dos impactos negativos oriundos da atividade. No ato de inscrição, os produtores responderam a um questionário sobre produção sustentável e, na etapa final, receberam a visita de auditores em suas propriedades para verificar as informações declaradas. “Os produtores estão se empenhando cada vez mais em cumprir os critérios de sustentabilidade, pois não basta apenas ser o melhor cacau do Brasil, ele tem de ser também produzido de forma mais sustentável”, destaca Cristiano Villela.
O Concurso Nacional de Qualidade de Cacau Especial do Brasil busca fortalecer a cacauicultura brasileira, valorizando e reconhecendo produtores que fazem um trabalho diferenciado, bem como incentivar a sustentabilidade em todo o processo produtivo. A premiação é uma iniciativa conjunta da cadeia de cacau através do CNQCE, patrocinada pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Estado do Pará (SEDAP-PA)/FUNCACAU, Mondelez - Cocoa Life, Nestlé - Cocoa Plan, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Cacau Show, Dengo Chocolates, Cargill, Gencau, Harald e SENAR-BA. O concurso é organizado pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC) em parceria com a Ceplac. Mais informações no site www.omelhorcacaudobrasil.com.
CATEGORIA VARIETAL
1° lugar: Deoclides Pires da Silva - Jarú (PA) – variedade CCN51
2° lugar: empate entre Luciano Ramos Lima - Ilhéus (BA) – variedade BN34 e Mirian Federicci Vieira - Medicilândia (PA) – variedade Alvorada 1
3° lugar: Ana Claudia Milanez Rigoni - Linhares (ES) – variedade SJ02
CATEGORIA MISTURA
1° lugar: João Rios - Novo Repartimento (PA)
2° lugar: Francisco Pereira Cruz - Novo Repartimento (PA)
3° lugar: empate entre Lídia Rosa dos Santos Souza - Uruará (PA) e Robson Brogni - Medicilândia (PA)
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