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“Falar pornografia é o maior prazer do povo brasileiro”

Por Gusmão Neto

Na casa dele só tem livros. São 12 mil volumes no total. É manco, solteiro, beirando os 60 anos de idade, faz questão de dizer que é herege, coleciona pomba gira e já foi capa de jornal por envolvimento em terrorismo na época da ditadura militar. Mas o marcante nele é o deboche e a alegria. Esse é o outro lado do famoso antropólogo Roberto Albergaria, um intelectual baiano, velho conhecido da imprensa. Quer rebater a declaração de alguém na mídia? Basta ligar para ele que logo se tem uma “aspa” bombástica. Em sua casa, na Praia do Canta Galo, Albergaria concedeu uma entrevista exclusiva ao Teia de Notícias e comentou sobre o que ele chama de projetóides e factóides apresentados por políticos com o único objetivo de chamar a atenção da mídia.

A “porrada” maior quem recebeu foi a deputada Luiza Maia (PT), que recentemente apresentou um projeto anti-baixaria voltado para a música baiana. Apesar da “boca suja”, o estudioso põe em prática nesta conversa o que aprendeu de antropologia na França e diz até que ponto essas propostas mirabolantes causam efeito social. Para o estudioso, que divide bancada com o radialista Mário Kertész às segundas-feiras, político bom no Brasil só existiu no século dezenove.


Albergaria, vive-se hoje um momento em que os políticos estão apresentando propostas que mechem muito com a opinião pública. Alguns deles considerados faraônicos, os chamados factóides. De que forma você, enquanto antropólogo, avalia esse momento?

Factóide é uma ficção transformada em fato. Isso é muito comum na política baiana. O projetóide é muito parecido. Ele não é feito para ser ‘obrado’, ser transformado em obra. Ele é feito para ocupar a cena pública. Então factóides e projetóides são usados para ocupar a cena, principalmente na mídia. Eles servem para divertir, servem de ilusionismo, para encobrir o outro lado da política real que é a politicalha de bastidores, a politicalha palaciana, é o jogo do poder e da grana. Então esses projetos mirabolantes, quanto mais midiatizáveis, servem para encher a cena pública e entreter as pessoas. Hoje as televisões e os rádios precisam de coisas novas para encher a pauta. As pessoas gostam de se entreter com esses projetos, elas gostam também de se divertir até falando mal desses projetos e criticando.

Então é o que ocorre com esse projeto da deputada Luiza Maia, que pretende proibir o governo de contratar bandas ou cantores cujas musicas são ofensivas à figura da mulher?

Exatamente. Esse é o legítimo projetóide que não tem pé nem cabeça, porque ela (Luiza Maia) não consegue compreender o que é um pagode. Ela não consegue separar o que é uma música ofensiva e uma música provocativa. Ou seja, ela não entende qual é o jogo social das letras e do contexto do show. Digo que é um projeto absolutamente burro nos termos antropológicos, de alguém que não sabe como funciona o pagode. Depois digo que é um projeto autopromocional. Da mesma forma que ela fez aquele de proibição do voto secreto na Assembleia Legislativa, o qual ela sabia que não passaria. Ela fez esse projeto porque ocuparia a mídia e alimentaria uma discussão. O projeto pode até não dar em nada, mas pra ela já deu muita coisa, porque rendeu um capital político muito grande nas classes A e B, que são as classes que detestam pagode. Aqui, as pessoas são racistas e classistas e acham que o bom gosto é aquilo que eles monopolizam. Eles não gostam de pagode porque acham que é coisa de negão e de browm.

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