Houve um tempo em que os pais sonhavam com o melhor para seus filhos. Queriam que se tornassem médicos, advogados, engenheiros. Até políticos, por que não? As crianças, por sua vez, sonhavam em ser astronautas, bombeiros, cientistas. Até policiais, por que não? Pois o que vemos hoje é uma devastação, um desconsolo e um desencanto tamanhos que o sonho mais comum entre os jovens é se tornar jogador de futebol. E o pior: com o apoio dos pais.
O que antes era falta de perspectiva, talento inato, ausência de estudo ou inaptidão para o trabalho, tornou-se um eldorado. Até famílias de classe média alta se mobilizam para levar seus rebentos na "escolinha" — no caso, a de futebol — para participar das famigeradas peneiras promovidas por clubes e empresários. Mesmo sabendo que um entre milhares conseguirá chegar numa equipe profissional e ter um futuro (financeiramente) digno. Ler um livro? Capinar um lote? Ninguém quer.
Fico pensando nisso enquanto acompanho o desenrolar do escândalo envolvendo a venda do jogador Neymar ao Barcelona. Sim: escândalo. A justiça e o fisco espanhóis já haviam percebido que se tratava de uma transação criminosa, tanto que, logo de cara, o presidente do clube catalão pegou o boné e foi embora, antes que saísse do Camp Nou algemado. Por aqui, como de hábito, nenhuma autoridade se preocupou em destrinchar os bastidores e submundo dessa cada vez mais evidente negociata.
Agora, após o UOL publicar documentos sigilosos, os fatos apontam para uma conclusão impiedosa: Neymar e seu pai deram um temendo chapéu no Santos. Na verdade, sacanearam o time que revelou, protegeu, enriqueceu precocemente e fez todas as apostas possíveis no craque que, de forma mesquinha e gananciosa, embolsou parte do dinheiro que, em condições normais, ficaria com o clube que nele tanto investiu.
Não bastasse, de maneira igualmente infame, o atacante negociou e recebeu do Barcelona meses antes da final do Mundial disputado no Japão, quando o time da Baixada Santista perdeu por um vergonhoso 4 a 0 diante do próprio Barça. Qualquer atleta sentiria vergonha de esconder um fato desses de seus torcedores e fãs. No meu bairro, isso tem nome: trairagem.
Pois bem. Neymar ficou os últimos anos ganhando R$ 3 milhões por mês aqui no Brasil. Foi para a Europa já milionário, com a vida feita, a dele e a da família. Inevitavelmente, ganharia mais um Oceano Atlântico de dinheiro. Seria ainda mais famoso, com total probabilidade de ser eleito o melhor jogador do mundo. Ele e seu pai não precisavam ter feito o que fizeram.
Ao final de tudo, sei que Neymar continuará sendo um ídolo para crianças e jovens. Continuará arrancando suspiros de modelos, atrizes e meninas simples espalhadas pelo mundo. Ouso dizer que milhões vão se inspirar nele. Ele é uma estrela. Um vitorioso. Um exemplo. Com o apoio do pai.
Fonte:
o Provocador.
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o Provocador.
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